lundi 23 juillet 2012

Où tailles et contenus sont inversément proportionnels

La taille et la position des espaces réservés aux différentes informations en disent long sur les priorités conscientes et inconscientes de tout moyen de communication. Je vérifie aujourd'hui cette remarque banale sur la Une du quotidien O Globo, de Rio de Janeiro, qui prouve bien, au demeurant, la liberté de presse dont nous jouissons ou, autrement dit, la rage des partis pris médiatiques au service des grands groupes dominants.
Voici l'image de l'édition du journal O Globo d'aujourd'hui :


Le gros titre du jour —excepté le foot : la défaite du Botafogo de Seedorf— proclamait : "PT pagou o dobro da inflação a servidores" (Traduction-résumé pour l'ensemble de cette information : "Le PT a payé le double de l'inflation aux fonctionnaires publics ces 9 dernières années").
Ce gros titre était ensuite longuement développé sur toute la page 3, la plus importante de l'intérieur du journal carioca.
O Globo est un journal en grand format et six colonnes qui se présente plié, si bien que la moitié inférieure de la Une n'est pas lisible au premier abord. C'est là qu'on pouvait lire une autre information dont la manchette était plus petite, qui occupait presque trois fois moins d'espace que la première et dont le développement ultérieur était renvoyé à un petit quart de la lointaine page 21. Elle annonçait que "Brasil é a 4ª fortuna em paraísos fiscais" (Traduction conceptuelle : "Le volume d'argent évadé par les milliardaires brésiliens est le quatrième le plus élevé du monde").
Néanmoins, les deux nouvelles parlaient de pognon et cette deuxième d'une quantité faramineuse, 30 fois supérieure à la précédente, en ce qui concerne seulement le Brésil.
D'autre part, côté qualitatif, alors que la seconde info concernait des spéculateurs sans états d'âme, la première évoquait les augmentations de travailleurs nécessaires, essentiels ("servidores" en portugais), qui —après avoir réussi des concours publics— touchaient des salaires lamentables il y a une dizaine d'années —au point qu'un professeur de maths que j'ai rencontré il y a quelques jours dans le Nordeste du pays avait quitté son poste d'enseignant pour promener des touristes dans sa modeste vedette, activité plus rémunératrice que les cours.

Vous comprenez mieux maintenant le concept bouc émissaire ou en quoi consiste la prestidigitation ? Vous comprenez mieux maintenant quels sont les vrais centres de destruction massive de la vie des gens ?

Afin que vous puissiez en juger plus tranquillement, je colle ci-dessous l'essentiel de ces deux textes publiés par O Globo  :
PT pagou o dobro da inflação a servidores
Em nove anos de Lula e Dilma, gasto com o funcionalismo subiu 120%
Desde que o PT chegou ao Palácio do Planalto, em 2003, os funcionários do governo federal passaram a custar mais que o dobro ao país. A despesa média por servidor cresceu mais de 120% entre 2003 e 2011, contra inflação de 52% no período. Apenas entre 2008 e 2010, o impacto dos reajustes acima da inflação dados pelo ex-presidente Lula para praticamente todas as categorias de servidores civis foi de R$ 35,2 bilhões. São esses números que agora sustentam a decisão da presidente Dilma Rousseff de não ceder às pressões de servidores grevistas.

Brasil é a 4ª fortuna em paraísos fiscais
Levantamento revela que dinheiro de brasileiros em centros de sonegação ["évasion fiscale"] chega a R$ 1 trilhão
Bruno Villas Bôas. Publicado: 22/07/12 - 16h26. Atualizado: 22/07/12 - 18h06
RIO — Os brasileiros mais ricos têm uma fortuna estimada em US$ 520 bilhões (mais de R$ 1 trilhão) depositados em paraísos fiscais, o quarto maior volume de recursos no mundo, atrás apenas de China (US$ 1,18 trilhões), Rússia (US$ 798 bilhões) e Coreia do Sul (779 bilhões).
O valor foi levantado no estudo Price of Offshore Revisited, escrito por James Henry, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey, e encomendado pela Tax Justice Network*. No total, os milionários de 139 países pelo mundo têm entre US$ 21 trilhões e US$ 32 trilhões depositados em “offshores” ao fim de 2010 [O valor é o PIB de EUA e Japão somados] [Para se ter uma ideia dessa “sangria”, o dinheiro brasileiro expatriado para centros de sonegação fiscal seria suficiente para pagar metade da dívida pública federal (R$ 1,9 trilhão) e supera a arredação de impostos federais no ano passado (R$ 993 bilhões)]. Somente 100 mil pessoas, que formam uma elite financeira global, respondem por US$ 9,8 trilhões desse total.
“O estudo examinou um enorme ‘buraco negro’ da economia mundial que nunca foi mensurado, a riqueza privada offshore, um vasto volume de ganhos que não são tributados”, explicou Henry no relatório do estudo.
O tamanho da fortuna em paraísos fiscais chama atenção em um momento em que muitos países precisam arrecadar impostos e cortar gastos para enfrentar seus problemas de endividamento.
O estudo revelou ainda que 50 bancos privados movimentaram US$ 12,1 trilhões, entre as fronteiras dos países, para seus clientes. Os destaques ficam para gigantes como UBS, Credit Suisse e Goldman Sachs.
“O setor offshore -especializado em sonegação fiscal- é desenhado e operado não por obscuros bancos sem nome em ilhas suntuosos, mas pelos maiores bancos privados do mundo, escritórios de direito e de contabilidade sediados em capitais como Londres, Nova York e Ginebra”, diz Henry.
Entre os latino americanos, os muito riscos com dinheiro em paraísos fiscais são principalmente de países como México (US$ 417 bilhões), Venezuela (US$ 406 bilhões) e Argentina (US$ 399 bilhões).
O estudo foi realizado com base em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial (Bird), do Banco de Compensações Internacionais (BIS) e dos governos nacionais.
* Étude qui ne prend pas en compte les actifs non financiers et qui se base sur des chiffres de la Banque mondiale, du Fonds monétaire international, des Nations unies et des banques centrales.
Cliquez ci-contre pour accéder au rapport Private Banking 2012 signé par Tax Justice Network.

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